segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Chapter III - Jude


Os minutos passavam e ele continuava parado. Fitava incansavelmente o cenário a sua frente. Não conseguia entender.
- Onde eu estou? – perguntava ao vento, na esperança de que uma alma viva respondesse.
Mas não havia alguém para respondê-lo. Não ali. Não naquela hora.
Fechou os olhos com força. Achava que estava sonhando. Então os abriu novamente. Estava tudo no lugar. Menos ele.
Uma vasta planície se estendia até o horizonte que seus olhos verdes podiam ver. O sol não o cegava por detrás das nuvens alaranjadas, e ele agradeceu por isso. Atrás dele, pedras gigantes se erguiam do solo. Paredões formados por varias extensões de pedra branca, maciça.
Ele pegou sua jaqueta verde, camuflada, do chão, onde havia largado ela, e contornou o labirinto de paredes puras, tendo a visão ofuscada pelo brilho. Quando as circundara para examiná-las, ele percebeu que elas formavam um grande círculo. Uma distancia maior entre duas pedras o dizia que aquela era uma espécie de entrada, para o que quer que haja sido aquele lugar.
Naquele momento, ele estava no lado sul, a direita da entrada. Andara até aquele lugar para vislumbrar o horizonte. O sol que se punha chamara sua atenção.
Ao que o sol ia sendo parcialmente escondido sob as montanhas, ele contemplava novamente as pedras altas. Ele podia ver seu próprio reflexo, no ultimo raio de sol que batia nelas. E no alto das pedras, corvos se empoleiravam.
Na pedra bem em frente a ele, um único corvo Ele o encarou, com um sorriso descrente. Os olhos negros o encararam de volta, e ele sentiu algo que o deixou alerta, como um sinal de perigo.
- Alô – acenou para o pássaro, sem resposta.
Silencio. O corvo continuou encarando-o.
Jude foi perfurado pela escuridão que havia naquelas pupilas, e sentiu que o ar ficou mais frio. Sentiu que o corvo o encarava propositalmente, como se ele fosse apenas um monte de carne morta que andasse.  Então o pássaro desviou o olhar e voou, se juntando aos outros.
O ruflar de asas fora o único som que ouvira em horas. O vento era tão silencioso quanto ele, e a noite estava chegando. O prolongado ruflar de asas parou, mas outro som continuou no ar.
O rapaz levou alguns segundos para perceber isso, erro que se castigou severamente por cometer. Mas estivera distraído, tentou se justificar. Se estivesse em uma missão, porém, ou mesmo em um dos seus treinamentos militares, poderia estar morto naquele instante. Ele sabia muito bem disso. Matar ou morrer. Vivia isso na pele todos os dias. Sua vida não parecia ter apenas 21 anos, e sim cinqüenta. Pois vida não se conta por anos acumulados, mas por experiências vividas.
E já tinha visto muita coisa em sua vida.
Os ruídos estavam distantes o suficiente para que não o reconhecesse, mesmo tendo sua audição mais sensível que a das outras pessoas. Isso sempre o ajudou. 
Colando seu corpo na pedra branca, ele preparou os ouvidos e cerrou os punhos. O barulho chegava mais perto. Correi sua mão pela sua perna direita até chegar ao cabo de sua faca, presa a sua bota. Desabotoou a fivela, enquanto prestava atenção ao som. Estava próximo demais agora. Perto da entrada naquele instante, calculou ele. Perto o suficiente, ele finalmente percebeu o que era tal burburinho.
“Vozes...?”
                                                               


                                                                L

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